Findo mais um Encontro das Comunidades Macaenses, que juntou este ano mais de mil pessoas no território, o balanço traçado é “positivo”, por parte da organização e dos participantes. Motivo de reencontros com familiares e amigos, que é no fundo o seu maior propósito, o Encontro proporcionou também momentos de boa gastronomia e passeio. Apesar disso, alguns participantes sugeriram pequenas alterações
Catarina Pereira
Depois de uma semana repleta de reencontros e “descobertas”, o VI Encontro das Comunidades Macaenses chegou ao fim no sábado, com um jantar e festa de encerramento na Torre de Macau, uma das actividades que mais gente juntou – quer da diáspora, quer do território – e que contou com a presença do Chefe do Executivo nomeado, Ho Iat Seng. Segundo o presidente da Comissão Organizadora do Encontro, o balanço “é muito positivo”. “O Encontro conseguiu congregar muita gente, pessoas vindas de fora e também de Macau, e proporcionou momentos de grande alegria, convívio, descoberta e redescoberta de Macau e dos arredores. Acho que o resultado é muito bom”, afirmou José Luís Sales Marques ao Jornal TRIBUNA DE MACAU.
Considerando que a edição deste ano esteve “em linha” com as anteriores, Rui Amaral, ex-administrador do BNU e membro da direcção da Casa de Macau em Lisboa, que esteve presente em praticamente todos os Encontros, traça também um balanço positivo. “Os Encontros são para a comunidade se encontrar e a comunidade tem-se reencontrado e vem aqui viver coisas do passado”, afirmou antes do início do jantar. Rui Amaral sublinha que hoje a sua geração “já não é a protagonista” – “São os filhos e netos que vêm cá, que querem saber onde os pais e avós viveram”. Além disso, o Encontro torna-se importante no sentido de “conseguirmos manter uma certa identidade macaense”, que é, no fundo, uma “amálgama” de influências.
Se podia ser feito mais? Rui Amaral considera que sim. “Podia haver discussões sobre, por exemplo, a evolução económica de Macau (…) as políticas relacionadas com o ambiente, por exemplo, ou a educação. A diáspora que vem cá tem muita gente importante e são estas questões que podia ajudar a discutir”, sugeriu.
Ivone Placé estava já entretida a comer. Apesar disso, aceitou falar connosco. Vive em Miami há 25 anos e tem marcado presença em todos os Encontros. “Este ano foi muito bom, veio muita gente e encontrei muitas pessoas que estão fora”, disse, elegendo a cerimónia de boas-vindas como um dos seus momentos favoritos.
Também Manuela Sequeira diz que “a melhor parte é rever os amigos e família”. “Essa é que é a essência do Encontro, não é?”, pergunta, como que a dar a resposta. A viver na Califórnia, a macaense diz que esta é uma oportunidade de “rever amigos que foram para o Brasil, Austrália e outras partes do mundo”.
Para Henrique Manhão, “foi excelente” voltar a Macau e ver “um grande número de participantes” no Encontro. “Há uma grande amizade entre os macaenses e foi muito animado”, frisou. A missa na Sé Catedral foi um dos momentos altos para o macaense radicado em São Francisco (EUA) e presidente da Casa de Macau USA, a par do convívio de abertura e da festa de encerramento. Apesar disso, Henrique Manhão considera que devia haver “uma sessão especial para o patuá” e que o “incentivo” à participação no concurso de gastronomia devia ser maior.
Se o reencontro e a recordação dos velhos tempos são dois factores importantes no Encontro, também a gastronomia o é. E Penson Vong Sou di-lo sem constrangimento: “A melhor parte é a dos almoços e jantares”, afirma soltando uma gargalhada. Para depois acrescentar que tem vindo nos outros anos e à semelhança dos anteriores, este “foi muito bom”. “Saí de Macau há 40 anos e vivo em São Francisco. Quando venho sinto que tudo é agradável, que as pessoas são muito simpáticas e vejo muitos amigos”.
A visita à Grande Baía
Penson Vong Sou disse também que a visita a Foshan foi um momento importante do Encontro. Segundo a organização, a visita juntou 200 participantes. “Gostei muito de lá ir, vimos, por exemplo, alguns templos, foi uma visita muito boa”, afirmou.
Cheong Kun Chi, macaense que se fixou em Toronto, Canadá, há mais de 60 anos veio, este ano, pela primeira vez ao Encontro. “O que mais gostei foi a viagem a Foshan, quer dizer, só fui à cerimónia de abertura, à viagem e agora à festa de encerramento. Mas, de facto, gostei muito porque nunca tinha lá estado e também porque há já muito tempo que não ia à China”.
Por outro lado, Rui Amaral disse que o passeio a Foshan “foi meramente turístico”. “O que falta nestas visitas – e já há três anos também fizemos uma – é uma introdução que contextualize qual é o projecto da Grande Baía, como está a ser implementado e quais os objectivos”, considera. “As pessoas chegam a Foshan e visitam, mas não percebem o que representa. Penso que isto podia ser capitalizado de outra maneira”, sublinhou Rui Amaral.
Sales Marques indicou que foi “sobretudo um passeio”. “Nada como experienciar, ver as coisas com os seus próprios olhos, descobrir uma cidade em grande expansão e desenvolvimento onde reside uma parte importante da cultura cantonense local”, explicou, acrescentando que na sessão cultural se falou sobre a Grande Baía. “No fundo, queremos lançar ideias que permitam também que a nossa comunidade, em Macau e no exterior, possa tirar proveito” da região, concluiu.
O próximo Encontro das Comunidades Macaenses será realizado em 2022.