José Luís de Sales Marques, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses, disse à TRIBUNA DE MACAU que estão previstos 1.400 participantes no Encontro dos Macaenses, que se realiza no início de Dezembro. Contudo, garantiu que a organização está a “trabalhar muito” para conseguir ultrapassar esse número. Por outro lado, vincou a importância das novas gerações aderirem ao evento, numa perspectiva de futuro. Apesar de ter havido alterações na atribuição de subsídio de viagem – agora são 2.800 patacas para todas as viagens internacionais, quando anteriormente a distância pesava no cálculo -, Sales Marques acredita que isso não vai afastar os conterrâneos da diáspora
Catarina Pereira
Cinco anos depois de ter sido realizado pela última vez, o Encontro das Comunidades Macaenses regressa este ano. José Luís de Sales Marques, presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Macaenses, disse que a organização espera conseguir receber mais do que os 1.400 participantes previstos para esta edição e frisou a importância de a iniciativa ter perspectivas de futuro, apelando às novas gerações de macaenses para que “abracem” o evento.
Agendado para ter início no dia 30 de Novembro e para encerrar a 6 de Dezembro, como já tinha noticiado este jornal, o Encontro já tem delineado um programa preliminar. Juntar a comunidade macaense, celebrar o quarto de século da RAEM e dar a conhecer aos macaenses da diáspora o desenvolvimento de Macau e da Grande Baía são os “pontos fortes” desta edição. “Projectámos ter um Encontro grande, para celebrar os 25 anos da RAEM. Depois de o último ter sido em 2019 e de tudo o que aconteceu [pandemia], esperamos que seja uma grande festa para a comunidade macaense, mas também para a RAEM”, assinalou Sales Marques, apontando que o Governo de Macau tem sempre apoiado a iniciativa.
“Por outro lado, e como sempre tem sido um dos objectivos, queremos que os nossos conterrâneos, que estão espalhados por tantas partes do mundo, tenham também uma actualização daquilo que é hoje Macau e a Grande Baía. Temos de ter esta visão, em sintonia com aquilo que são os planos, e que aliás foram anunciados muito recentemente, relacionados com a diversificação da economia de Macau, e também de integração e construção desta realidade regional que é a Grande Baía”, prosseguiu.
Segundo disse, o Conselho das Comunidades Macaenses delimitou o prazo de inscrições até final de Fevereiro para poder ter uma noção do número aproximado de participantes. Sales Marques ressalvou, no entanto, que isso não significa que as pessoas não se possam vir a inscrever depois. “Esse número que vamos obter será indicativo. Espero, e vamos trabalhar muito, para que esse número seja apenas o princípio. Gostaríamos efectivamente de esgotar a capacidade prevista para este Encontro, que é de 1.400 pessoas”, sublinhou. Esperam-se 1.000 pessoas da diáspora e outras 400 de Macau.
Este ano, houve uma alteração nos moldes como o financiamento é feito, havendo três categorias para atribuição do subsídio dos custos de viagem: internacionais, regionais e de Hong Kong. Para as viagens internacionais, serão atribuídas 2.800 patacas, um subsídio igual para todos, independentemente do ponto de partida. Anteriormente, esta questão era gerida pela comissão organizadora e o elemento “distância” pesava nas contas. “Há vantagens e inconvenientes. Havendo uma mudança de política na atribuição de subsídios, vamos ter de trabalhar com base nisso”, afirmou.
Questionado sobre se esta alteração não pode demover macaenses da diáspora, principalmente os que vivem mais longe, de participarem no Encontro, Sales Marques disse considerar que este não é um factor “determinante”. “Na realidade, o valor até é superior em relação a algumas Casas comparativamente a 2019”.
“Esperamos que venham pessoas de todas as Casas e que haja um grande esforço da organização local. Nos anos anteriores, houve sempre muita gente vinda dos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Brasil e até de Portugal. Tenho a certeza de que cada Casa, tendo em conta o seu número de sócios, fará o melhor possível para promover e para organizar uma representação muito significativa aqui neste Encontro”, acrescentou.
José Luís de Sales Marques referiu também que haverá colaborações com diversas associações locais, nomeadamente com a Associação de Estudos da Cultura Macaense e a Associação dos Jovens Macaenses. “Este é um Encontro que vejo também com perspectivas de futuro, não só para o presente. E nesse sentido, seria muito importante que fosse abraçado, muito participado, pelas novas gerações de macaenses. Acho que isso é fundamental e faço um grande apelo para que isso aconteça”, sublinhou.
Sobre se haverá alguma novidade para captar a atenção das gerações mais novas, Sales Marques disse que a organização irá trabalhar com as associações para “introduzir elementos” para lá daqueles que são os mais tradicionais. “Temos de ver isso como perspectiva de futuro, como algo que seja capaz, no próprio programa, de atrair a participação de novas gerações”, defendeu.
Do programa constam a já habitual Missa e Te-Deum na Sé Catedral, a sessão de fotografias junto às Ruínas de São Paulo, mas também visitas guiadas por especialistas do Instituto Cultural a locais de interesse histórico e um concurso de cozinha macaense. “Também haverá uma sessão cultural, promovida pelo Instituto Internacional de Macau. Recebemos uma carta do presidente, Jorge Rangel, a oferecer a sua colaboração, o que obviamente nos alegra muito e vamos abraçar”, acrescentou Sales Marques. Também haverá uma visita a Hengqin, com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central, mas não há ainda detalhes sobre o programa.
Esperado apoio de entidades privadas
O montante que a Fundação Macau vai canalizar para este Encontro é superior ao da última edição, que aconteceu em 2019. O Conselho das Comunidades Macaenses contará com mais de 5,3 milhões de patacas para organizar a iniciativa. “Depois também esperamos que, tal como no passado, contar com o apoio de entidades privadas, nomeadamente de alguns resorts integrados. Isso obviamente é fundamental na medida em que estamos a falar de um encontro que diria que é um grande evento”, acrescentou Sales Marques.
O presidente do Conselho não quis adiantar pormenores sobre o eventual apoio das operadoras de jogo, mas disse que estão a trabalhar nesse sentido, “até por uma questão de logística”, isto porque a iniciativa acontece num mês de celebrações dos 25 anos da RAEM, em que haverá grande procura por salas de jantar ou banquetes, e espectáculos.
“Os nossos conterrâneos que têm vindo participar nos Encontros contribuem efectivamente para a economia de Macau, porque precisam de gastar muito nas suas viagens, estadias, e em tudo aquilo que fazem em Macau. De todos os pontos de vista, o Encontro vai ser um evento a assinalar no calendário de Macau para 2024”, prosseguiu Sales Marques, dizendo que há um subsídio para eventos locais, mas que obviamente não dá para cobrir os gastos todos. “Fazem um grande investimento pessoal e familiar para virem ao Encontro”, notou.
No último Encontro, que aconteceu em 2019, participaram 1.313 pessoas, incluindo locais e convidados. Entre eles, houve 974 participantes provenientes da diáspora macaense.
Casa de Macau em Portugal abre inscrições até 31 de Janeiro
A Casa de Macau em Portugal anunciou ontem que o prazo para inscrição para o Encontro das Comunidades Macaenses encerra no dia 31 de Janeiro. Os interessados em pertencer à delegação da Casa devem submeter a inscrição por escrito junto dos serviços administrativos, através de email (casademacau@mail.telepac.pt) ou mensagem/WhatsApp (961294676). É ainda dito que serão divulgados mais detalhes sobre o evento junto dos sócios assim que forem facultados pelo Conselho das Comunidades Macaenses.